segunda-feira, janeiro 23, 2006

Anibal Cavaco Silva! O povo português tem memória curta!

PRESIDENCIAIS 2006

Como é do conhecimento de todos, o país encontra-se numa situação delicada, como poucas vezes sucedeu nestes 32 anos de democracia. Há pois que apurar quais as causas, qual a génese, de tal crise, para depois então se encontrarem as alternativas.
Ora, a História ensinou-nos claramente que não podemos voltar a cair nos mesmos erros do passado. 10 anos decorridos sobre o cavaquismo permitem-nos apreciar, com o devido distanciamento e serenidade, aquele que foi o maior período de governação, até hoje, na nossa democracia, e conhecer os seus reais efeitos e consequências.

10 anos depois, e com o alargamento da UE a 25 Estados-membros (e inerente vislumbre da diminuição dos fundos comunitários) parece, pois, ser consensual que poder-se-ia ter aproveitado a oportunidade histórica, que os mesmos fundos comunitários nos deram, para lançar reformas estruturantes em sectores tão fundamentais (e hoje ainda tão criticados) como o da Educação, da Saúde ou da Justiça, à imagem, aliás, de outros países, como a Irlanda ou Espanha, cujas apostas têm os seus resultados á vista. Pelo contrário, numa legislatura que (pela conjuntura em que decorreu e pelas condições de estabilidade que duas maiorias permitiram) parecia talhada para relançar Portugal, retirando-nos do autismo e do atraso profundo em que o Estado Novo nos mergulhou, o fácil tornou-se difícil e a solução passou a ser o problema. Não só não se aproveitaram devidamente as verbas comunitárias para fazer as necessárias reformas, como, em sectores como a Educação, se contribuiu e se abriu caminho para o desinvestimento das universidades públicas, através da instituição das propinas.

Nos 10 anos de cavaquismo, construiu-se o “monstro” que é hoje a Administração Pública, qual bola de neve, que vai absorvendo progressivamente todos os recursos à sua volta, de modo a garantir a sustentabilidade, a qual, como se sabe, tem dado grandes “dores de cabeça” aos sucessivos ministros das Finanças.

10 anos de cavaquismo deram ainda para conhecer os traços de uma personalidade que não soube conviver com os contra-poderes (e que agora, ironicamente, quer fazer deles parte) apelidando-os de “forças de bloqueio”, e que revelou mesmo perigosos tiques de autoritarismo perante os primeiros sinais de contestação que se fizeram sentir, como bem comprova, entre outros, o buzinão da ponte 25 de Abril.

Infelizmente as pessoas têm memória curta. Depois de dois mandatos de governação, Cavaco perdeu as eleições para Presidente da Répubica precisamente por os portugueses estarem fartos e desiludidos com a sua governação. Ainda assim criou-se o mito. Numa altura em que o preço do gasóleo era metade do actual tudo o que foi feito foi construir auto-estradas e o Centro Cultural de Belém. Como é possível? Chegou a hora da reflexão.

Votar Cavaco é assim cair no mesmo erro do passado.
Votar Cavaco, mais do que negar o actual estado do país, é revelar conformismo e voltar a dar confiança àquele que para ele tanto contribuiu.
Votar Cavaco é entregar o nosso futuro nas mãos daquele que no passado foi um dos principais responsáveis pela presente conjuntura.

(email que recebi de um amigo, não sei o autor, mas gostava de conhecer)